Estratégia de prevenção da saúde dos adolescentes, com foco na vacinação
Projeto de Extensão
Palavras-chave:
Prevenção primária de doenças, Saúde dos Adolescentes, VacinaçãoResumo
Introdução:
A vacinação é uma prática de saúde pública integrada a Atenção Primária à Saúde voltada para a prevenção de doenças. Nesse sentido, a vacinação constitui uma ferramenta importante na eliminação e no controle de uma doença, diminuindo a frequência de sua ocorrência, bem como as internações e mortes causadas pela mesma (Vetter et al., 2017)
Ao analisar as diversas fases e momentos da vida, sabe-se que a adolescência é uma fase marcada por várias transformações, como a puberdade e a maturação sexual, além de vivências e conflitos relacionados ao desenvolvimento e à sexualidade (Souza et al., 2002). Nesse período, as escolhas e decisões dos jovens podem aumentar a exposição a fatores de risco e a microrganismos causadores de doenças (Silva et al., 2022).
Diante de um cenário de redução dos índices de cobertura vacinal, especialmente entre os adolescentes e do discurso anti vacina em ascensão surgem inquietações que nos motivaram a desenvolver este estudo que teve por objetivos: analisar a situação vacinal de adolescentes de 11 a 14 anos, matriculados nas séries de EF II, nas escolas públicas de Passos/MG; identificar a cobertura vacinal deste grupo; administrar vacinas contra HPV, Meningite ACWY e outras, nos adolescentes que tiverem com cartão atrasado e possuir autorização prévia dos pais / responsáveis; bem como promover espaços de formação para estudantes de graduação em medicina na temática, buscando o fortalecimento da integração ensino-serviço.
Materiais e métodos
Trata-se de um projeto de extensão universitária, realizado por acadêmicos de medicina da Faculdade Atenas – Campus Passos, da segunda quinzena de agosto à segunda quinzena de novembro de 2024.
1641 (83,59%) adolescentes foram abordados por meio de atividades de educação em saúde sobre o tema vacinação por outro grupo de acadêmicos. No entanto, apenas 461 (23,48%) adolescentes constituíram sujeitos da atividade de prevenção ao retornarem com autorização assinada pelo responsável e respectiva caderneta de vacina. Na sequência, os dados sobre as vacinas administradas foram organizados em tabelas e gráficos, bem como receberam uma análise qualitativa descritiva.
Resultados e discussões:
Ao final do projeto, 7 escolas públicas foram contempladas; 461 adolescentes tiveram as cadernetas de vacinas analisadas, desses 144 (31,24%) encontravam-se frequentando o 6º ano, 107 (23,22%) o 7º ano, 121 (26,24%) o 8º ano e 89 (10,30%) o 9º ano.
Aqui ainda é possível dizer que 288 (62,47%) adolescentes encontravam-se em dia quanto às vacinas oferecidas pelo calendário de vacinação para suas respectivas idades. Os participantes frequentes no 7º (51%) e no 8º ano escolar (60%) foram os que apresentaram maior percentual de cadernetas atualizadas. Outros 173 (37,53%) apresentavam atraso para alguma das vacinas.
Acreditamos que alguns fatores podem estar associados a esses achados como, a maioria ter atualizado a vacinação em idades anteriores, entre 10 a 11 anos, faixa etária prioritária para a aplicação das vacinas HPV e ACWY, segundo o PNI, bem como pelo fato de nessas idades, de 12 e 13 anos corresponder a um período de intervalo entre as vacinas anteriores citadas e a próxima do calendário, que é o reforço de dT, entre 14 e 15 anos.
Em relação à menor cobertura encontrada nos adolescentes do 9º ano, nota-se que isso pode estar vinculado à menor preocupação com a vacinação por parte dos próprios adolescentes mais velhos (cerca de 14 anos) e de seus responsáveis, uma vez que essas passam a ser mais espaçadas, quando comparadas ao calendário infantil.
As ações do projeto possibilitaram aos referidos adolescentes terem acesso a imunização primária; recuperarem oportunidades de vacinação perdidas e/ou ainda reforçar a imunidade já adquirida em faixas etárias infantis.
Ao todo, contemplando população alvo do projeto e outras faixas etárias presentes nas escolas foram administradas 102 doses de vacina contra HPV, 120 contra Meningocócica ACWY, 88 contra difteria e tétano e 338 contra Influenza, oportunizando aos acadêmicos de medicina aprendizagem e ampliação de suas habilidades técnicas ao executarem tais atividades.
Considerações finais
Tendo em vista as atividades realizadas e os dados levantados, nossos objetivos iniciais foram alcançados. Sendo possível alcançar um público ainda maior do que o nosso alvo inicial.
A cobertura vacinal de adolescentes ainda requer ações para sua intensificação, como informação e sensibilização de jovens e de seus responsáveis em relação às vacinas disponíveis no calendário nacional, e suas respectivas doenças preveníveis. Isso pode ser feito em parcerias entre serviço ensino, setor de educação e saúde, especialmente através do Programa Saúde na Escola.
Nessa ocasião as equipes de Saúde da Família ainda devem aproveitar a oportunidade para construir vínculos com estes adolescentes e familiares e intensificarem as atividades de Hebicultura.
Referencias:
SILVA, E. DE AG et al. Vacinação contra o papilomavírus humano em escolares brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 2019. Revista latino-americana de enfermagem, v. 30, n. spe., 2022.
SOUZA, Maria A. et al. Nível de informação sobre adolescência, puberdade e sexualidade entre adolescentes. Jornal de Pediatria, v. 78, n. 2, p. 149-156, 2002.
VETTER, V. et al. Understanding modern-day vaccines: what you need to know. Annals of Medicine, v. 50, n. 2, p. 110–120, 27 nov. 2017.