ANÁLISE DA COBERTURA VACINAL EM COMUNIDADES INDÍGENAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

Resumo

A vacinação é uma das estratégias mais eficazes na prevenção de doenças imunopreveníveis, especialmente em populações historicamente vulnerabilizadas, como as comunidades indígenas. No entanto, fatores como barreiras geográficas, desigualdade socioeconômica, fragilidade na comunicação institucional e desconsideração das especificidades culturais comprometem a adesão às campanhas vacinais. Diante disso, este estudo teve como objetivo analisar a cobertura vacinal entre crianças indígenas com menos de cinco anos no Extremo Sul da Bahia, com ênfase nos municípios com presença da etnia Pataxó, identificando os principais fatores que influenciam a baixa adesão à imunização. Trata-se de uma pesquisa de natureza mista, baseada na análise de dados secundários obtidos no DataSUS (2016–2020) e em uma revisão integrativa da literatura realizada nas bases SciELO e PubMed, abrangendo publicações de 2017 a 2023. Os resultados indicam que vacinas como BCG e Hepatite B ao nascer apresentaram coberturas superiores a 95% em alguns anos, enquanto outras, como Tetraviral, Poliomielite e Rotavírus, mantiveram percentuais abaixo das metas do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Além disso, identificaram-se fatores associados à hesitação vacinal, como desconfiança histórica nos serviços de saúde, ausência de campanhas adaptadas culturalmente, baixa escolaridade dos responsáveis, e limitações no acesso físico aos serviços. Conclui-se que o enfrentamento das desigualdades vacinais nas comunidades indígenas requer políticas públicas intersetoriais, culturalmente sensíveis e sustentadas pela participação ativa das lideranças locais. O fortalecimento da infraestrutura, a valorização dos saberes tradicionais e a ampliação do diálogo com as comunidades são estratégias fundamentais para garantir o direito à vacinação e promover a equidade em saúde.